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Quero agradecer aos comentários que recebi, tanto por aqui, quanto por outros meios, com relação à forma como eu escrevo. Como a decisão de focar na escrita (que é uma paixão antiga) ainda é recente e digamos que eu tenho um superego bem megero, sempre que recebo um elogio, ao invés de achar que não o mereço, como fiz durante muito tempo, permito-me ficar super contente e mais confiante de que ando no caminho certo. Quarta feira na minha Terapia das Lobas, recebi palavras maravilhosas de estímulo quanto à decisão de seguir escrevendo. Obrigada meninas pelo carinho e por enriquecerem a minha vida compartilhando um pouco da vida de vocês lá no grupo. Sem palavras pra tudo o que eu aprendo lá.
Agora, vamos à continuação do conto da Vasalisa. Como eu falei no último texto sobre o assunto (AQUI), todas as tarefas do livro vem alinhavadas umas nas outras. Não há como pular uma para chegar realmente até o fim.
Depois que você permitiu que o que é demais dentro de você morresse, depois que você identificou o seu trio perverso e consequentemente, enxergou o que te faz inadequada em sua vida, chegou o momento de você entrar no escuro da floresta. Chegou a hora em que você vai se deparar com o desconhecido, com uma realidade nunca antes vivida por você. Quando, na busca da nossa natureza de mulher selvagem, escolhemos seguir em frente, é como se realmente estivéssemos como Vasalisa no conto, diante de uma floresta escura, sobre a qual muitas vezes nos sentimos amedrontadas.

“A floresta ia ficando cada vez mais escura, e os gravetos estalavam sob seus pés, deixando-a assustada. Ela enfiou a mão bem fundo no bolso do avental, e ali estava a boneca que a mãe ao morrer lhe havia dado.
– Só de tocar nessa boneca, já me sinto melhor – disse Vasalisa, acariciando a boneca no bolso.
A cada bifurcação da estrada, Vasalisa enfiava a mão no bolso e consultava a boneca. “Bem, eu devo ia para a esquerda ou para a direita?” A boneca respondia “Sim”, “Não”, “Para esse lado” ou “Para aquele lado”. E Vasalisa dava à boneca um pouco de pão enquanto ia caminhando, seguindo o que sentia estar emanando da boneca”.
E esse medo é completamente compreensível, afinal sempre estivemos presas no mesmo lugar, no mesmo papel. Mas como decidimos continuar, não deve ser agora que vamos ficar estagnadas. Nesse momento do conto, quando Vasalisa se vê diante do escuro da floresta, é que ela se lembra da bonequinha dentro do seu avental, que faz o papel da nossa intuição feminina. É perante um local antes desconhecido que muitas vezes, assim como Vasalisa, lembramo-nos daquilo que esta dentro da gente desde sempre mas que estava adormecido pela correria do dia a dia.

No livro, Clarissa dá diversos exemplos de como a figura da boneca tem um forte significado simbólico de uma pequena vida e de uma grande sabedoria. No começo do conto, diz-se que a boneca que a mãe de Vasalisa lhe deu como benção antes de morrer, era como se fosse uma miniatura da menina.
“- Essa boneca é para você, meu amor – sussurrou a mãe, e da coberta felpuda ela tirou uma bonequinha minúscula que, como a própria Vasalisa, usava botas vermelhas, e avental branco, saia preta e colete todo bordado com linha colorida”.
E a mãe de Vasalisa completou:
“- Estas são as minhas últimas palavras querida – disse a mãe. – Se você se perder ou precisar de ajuda, pergunte a boneca o que fazer. Você receberá ajuda. Guarde sempre a boneca. Não fale a ninguém sobre ela. Dê-lhe de comer quando ela estiver com fome. Essa é a minha promessa de mãe para você, minha bênção querida”.
Quando o trio perverso de Vasalisa apareceu em sua vida, em nenhum momento ela teve dúvidas do que fazer. Feliz com as suas presenças, tomou o papel de sua mãe que tinha morrido e pôs-se a agradá-las fazendo o que sempre soube fazer, lavar, cozinhar, cuidar da casa. Mas como eu disse anteriormente, enquanto você não identificar o seu trio perverso, ele sempre exigirá mais de você, sempre almejará o seu fim. E assim foi com Vasalisa, o trio só descansou, quando acabou com o fogo da casa (que tem todo um significa de vida, paixão) e fez com que a menina fosse ao encontro da bruxa megera. Aqui repito que esse nosso trio não deve ser visto como algo exclusivamente negativo, pois muitas vezes é ele quem nos faz sairmos da aquietação aonde insistíamos em permanecer.
Quando Vasalisa esta diante da floresta escura, ela lembra das palavras da mãe e consequentemente da sua bonequinha. Durante todo o percurso na floresta, que era algo desconhecido para ela, Vasalisa precisa confiar totalmente e cegamente no seu poder intuitivo. É a bonequinha quem a guia em meio a escuridão.
Quando adentramos num lugar do qual ainda não conhecemos, que é o caminho em busca do resgate da nossa natureza selvagem, chegamos ao momento em que devemos parar, refletir e através da nossa intuição, seguirmos adiante. Por isso eu sempre friso que intuir nada tem a ver com o ímpeto de qualquer ação. Intuição é você parar por um momento, pensar em toda a sua situação e perguntar a sua bonequinha o que deve fazer.
Uma das sub tarefas do livro, diz que esse é o momento em que devemos “consentir em se aventurar a penetrar no local da iniciação profunda (entrada na floresta) e começar a experimentar o sentimento novo e aparentemente perigoso de estar imersa no poder intuitivo”.
Esse é o momento em que deixamos tudo o que já conhecemos para trás e damos início a uma longa caminhada em território desconhecido. Vocês já vivenciaram alguma situação de completa escuridão? Pode ser por conta de um blecaute ou coisa parecida. Já perceberam o quanto o nosso sentido da audição se aguça nesses momentos? Quando entramos no escuro da nossa floresta, rumo a um lugar ainda não pisado por nós mesmas, o que devemos fazer? Aguçar os nossos ouvidos e escutar o que a nossa intuição tem a nos dizer.
Escutamos muito da Soninha a arbitrariedade que existe entre confiar e controlar. Ou você confia ou você controla. Diante do escuro do desconhecido, ou você continua procurando controlar a situação, racionalizando todas as mensagens que aparecem pra você ou você confia no seu poder e segue adiante. E isso serve para todas as áreas da nossa vida, principalmente para os relacionamentos a dois. Ou você confia no amor que o outro sente por você ou você passa a controlar cada passo dele e se torna alguém completamente controlador. E isso cansa, não? Além de que não garante nada, principalmente uma fidelidade.
E como é bonito e sonoro esse verbo “confiar”. Confiar, como ouvi na Terapia das Lobas “significa aprendermos a nos ouvirmos e não aos outros”. E foi confiando na boneca, que Vasalisa aprendeu a fazer o caminho de volta para a casa de Baba Yaga, que representa a mãe selvagem, a mulher que sabe. Foi confiando na sua intuição que ela aprendeu o caminho pra dentro dela mesma, da sua origem, do papel que ela realmente deveria exercer. A intuição é como uma luz no meio da mata escura.
Mas não podemos esquecer de outra frase que a mãe da Vasalisa lhe disse em seu leito de morte. Devemos também alimentar a nossa bonequinha, nutrir a nossa intuição. Mas como? Acreditando e respeitando o que ela nos diz. Quando não confiamos nela e não a escutamos, ela pode se atrofiar dentro de nós. Clarissa diz no livro “Nutrimos o profundo self intuitivo ao prestar atenção a ele e ao agir de acordo com sua orientação. Ele é um personagem autônomo, um ser mágico, mais ou menos do tamanho de uma boneca que habita a terra psíquica da mulher interior. Nesse sentido, ele é como os músculos do corpo. Se um músculo não for usado, ele acaba definhando. A intuição é exatamente igual: sem alimento, sem atividade, ela se atrofia”. Mas mesmo que não venhamos ouvindo a nossa intuição, sempre é tempo de recomeçar. “A compreensão da mulher da sua sabedoria intuitiva pode ser fraca em consequencia do rompimento, mas com exercício ela poderá se restaurar e se manifestar em sua plenitude”.
E diante de toda essa ressurreição da nossa natureza intuitiva, temos ainda que cumprir duas das sub tarefas do livro que dizem o seguinte: “Deixar que a mocinha frágil e ingênua morra ainda mais” e “Transferir o poder para a boneca, ou seja, para a intuição”.
Transcrevo ainda uma frase do livro que é muito legal:
“Não há benção maior que uma mãe possa dar à filha do que uma confiança na veracidade da sua própria intenção”.
Mas como venho dizendo, na teoria tudo parece muito simples. Porém, na vida, sempre vamos encontrar mil desculpas pra não entrarmos na floresta rumo ao desconhecido, rumo ao resgate da nossa verdadeira essência. Mas somente você é quem pode dar o primeiro passo. Pé ante pé, ir ouvindo e confiando no seu poder intuitivo, pra então encontrar o caminho de volta pra casa, pra sua casa, pro seu verdadeiro self (self basicamente significa o seu eu).
Logo eu volto. Bom final de semana pra vocês, que o nosso vai ser de viagem pra entrega dos convites do casamento!!! Faltam 50 dias!!!
Beijo beijo